O trabalho remoto também depende de vários fatores para seu bom aproveitamento. Acho que a questão ambiental — me refiro ao espaço que circunda o trabalhador — é fundamental. Por exemplo é preciso tranquilidade e privacidade, sobretudo caso sejam necessárias chamadas de voz ou principalmente vídeo. O trabalhador precisará ter em sua residência bons aparelhos, conexão estável e assim por diante.
Além disso há a questão da disciplina. Trabalhar em casa significa que a fronteira entre trabalho e lar é muito tênue. Há toda uma gama de distrações: a televisão, a família — principalmente quando temos crianças —, a vizinhança. De modo que há uma dificuldade evidente em "girar o botão" e entrar no modo trabalho, daí sair para o modo lar e vice-versa. Isso ao longo do dia, porque em home office, a menos que haja uma disciplina espartana, não é possível manter uma carga horária fixa, tipo 9 às 17.
Esses temas não são novos e têm nos acompanhado desde a pandemia. Em maio de 2020, portanto quando ainda estávamos todos apavorados trancafiados em nossas residências, eu escrevi aqui sobre isso de trabalhar em casa. Apontei as desvantagens mas também as muitas vantagens do formato. Das coisas boas, podemos citar a segurança (afinal não precisamos cruzar a cidade, mormente as perigosas como o Rio de Janeiro) para realizar coisas que podemos fazer a partir de casa; a questão ecológica, pois menos gente nas ruas é menos poluição sonora e atmosférica causada por veículos; etc. São vantagens indiscutíveis. Tudo na vida pode ser abordado por inúmeros prismas.
Penso que o trabalho remoto já seria, por si só, uma realidade cada vez mais presente. O progresso é inexorável. Fabricantes de carroça lamentaram o advento do automóvel mas é inevitável. O drama é que, ao invés de transições calmas e controladas, a pandemia mundial de covid-19 em 2020 nos obrigou a uma adaptação meteórica. E continuamos nos adaptando, com todos os percalços.
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