Muito tem se falado do deslocamento de Jair Bolsonaro na reunião do G20, em Roma, agora em fins de outubro (leia a respeito aqui e aqui, por exemplo). Ninguém queria saber do presidente brasileiro (pensei aqui em usar a palavra líder, mas achei de uma inadequação constrangedora; por outro lado, presidir é coisa que Bolsonaro também não faz). Isolado, sem ser notado, como uma personalidade penetra e non grata.
Isso é retrato das consequências da política externa bolsonarista. Fizeram do país um pária, status do qual o nefasto ex-chanceler Ernesto Araújo se orgulhava. Foi — continua sendo porque o famigerado mandato vai até 2022 — um longo rosário de erros desde o início. Todos se lembram do alinhamento automático ao trumpismo. Trump mandou, tá mandado; o bravo patriota Bolsonaro presta continências solícito. Isso implicou em tretas com Irã e China, por exemplo, tudo em detrimento dos nossos interesses e da nossa balança comercial. Então as trapalhadas no trato com a União Europeia, em especial França, sobretudo em torno da pauta ambiental. Bolsonaro pensava que o mundo era o cercadinho do Alvorada, de onde despeja vitupérios contra jornalistas. Não é assim que a banda toca. Trump cai fora e eis o valente Bolsonaro, sem guru, nem eira nem beira. E, imperdoável, queimando o filme do Brasil.
Nossa tradição nada tem a ver com o bolsonarismo. O país tem vocação histórica para liderança, regional e mundialmente. Somos o país de José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco, que é o patrono de nossa diplomacia, e de Osvaldo Aranha, que presidiu a Assembleia Geral da ONU de 1947. Pleiteávamos há pouco, com Lula, uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU. Tudo por água abaixo graças ao terraplanismo bolsonarista com sua pauta reacionária e retrógrada, com o intuito deliberado de nos fazer párias.
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