Vejo comentarem no Facebook que o Brasil é o país da piada pronta. O mote foram as novas informações sobre Kassio Nunes Marques, indicado para a vaga de Celso de Mello no Supremo Tribunal Federal. É que parece que o currículo do desembargador do TRF-1 foi, digamos, "vitaminado" além da conta. É que a Universidade de La Coruña nega existência de curso que Kassio diz ter feito. Ora, ora. Essa parece ser a sina dos nomes indicados por Bolsonaro, e já há até lista de ministros que mentiram no currículo.
É uma pequena mentira, podem dizer, coisa de menor monta. Qualquer profissional dá uma "melhoradinha" no currículo, ainda mais na lei da selva competitiva do mercado de trabalho. Mas ainda que seja assim, há limites importantes que não podem ser transpostos. Um título acadêmico é coisa séria, por exemplo. Demanda dedicação e profundo conhecimento do tema. Não pode ser simplesmente colocado em um currículo para dar uma "encorpada", como se fosse um cursinho livre de final de semana. Fazer isso é um estelionato acadêmico abjeto. Às vezes alguém é pego no pulo. Wilson Witzel, governador do Rio de Janeiro prestes a sofrer impeachment, e o lavajatista Deltan Dallagnol se jactavam de mestrados em Harvard — e parece que não era bem assim.
Basta procurar que as informações estão todas na rede. Envia-se um email e a instituição de ensino confirma ou desmente a informação. Por que então se arriscar ao mico? Transparência e honestidade são valores essenciais à vida social, e a fortiori para os homens públicos. Turbinar o currículo é apenas uma pequena mentira? Mas "quem é desonesto no pouco, também é desonesto no muito" (Lucas 16:10), para utilizarmos o jargão bíblico que vive na boca dos sepulcros caiados.
Ainda a questão da escolha de ministros do Supremo. Josias de Souza do Uol estava incomodado com o jantar na casa de Toffoli que sacramentou o nome de Kassio. O jornalista voltou à carga e escreveu nesta terça que o modelo de indicação para STF pede atualização. Concordo com a necessidade de mudança, que em minha opinião passaria pela participação da sociedade civil no processo de escolha. Afinal, não se pode falar na corte "maior" de um Estado dito Democrático e Social de Direito sem participação popular.
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