"O direito é criado pelo homem, é um produto tipicamente humano, um artifício sem entidade corporal, mas nem por isso menos real que as máquinas e os edifícios." - Gregorio Robles

21.10.20

A vacina chinesa e multipolaridade

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A vacina será mesmo chinesa, afinal. Lemos aqui que o Instituto Butantan de São Paulo e um laboratório farmacêutico chinês em parceria desenvolveram a "CoronaVac", o tão esperado imunizante contra o nefasto coronavírus que assombrou este ano de 2020, já nos estertores. O ano, não o vírus, que sabe Deus até quando causará problemas. Mas finalmente já temos uma esperança concreta, científica, na qual nos apoiarmos, ao contrário do delírio de cloroquina propagado por alucinados de todo tipo. Já falamos aqui no blog: o tratamento da covid pede ciência, não voluntarismo.

Mas eu queria falar sobre a China. Engraçado como certos setores torcem o nariz para o país asiático. Geralmente são aqueles da direita mais obtusa. Obtusa, porque é possível ser direita em marcos ilustrados. Nesse caso é possível uma discussão em termos civilizatórios, e como tal profundamente enriquecedor para todos os lados. Mas com os obtusos não tem papo — são avessos ao debate em si, arraigados que estão em seus preconceitos limitantes. Esses obtusos temem a China porque o país é governado por um partido comunista (que apesar disso é quem mais tem feito pelo capitalismo mundial, diga-se de passagem). E há também um elemento racista evidente. É duro dizer isso, não? Mas chineses, baixinhos,  amarelos e com um idioma esquisito causam assombros naquelas mentalidades acostumadas ao padrão loirinho de olho azul e falante de inglês que vigora no mundo ocidental.

Rompamos com o padrão. Precisamos de um mundo multipolar, no qual diversos agentes participem em condições de igualdade, competindo e cooperando entre si. Isso não é muito melhor para o planeta do que uma realidade global em que Washington é o poder todo-poderoso? Os BRICs, o Mercosul, a comunidade europeia. É fundamental fortalecer os campos alternativos a Washington — ainda que pela própria dinâmica do capitalismo mundial tudo esteja profundamente relacionado. 

Essa multipolaridade não é do interesse de Washington. É claro. Os ianques sempre defenderam seus próprios objetivos. E encontram lacaios cá embaixo, alinhados automaticamente a qualquer coisa que venha lá de cima, como é o caso do governo bolsonarista do triste chanceler Ernesto Araújo. E esses lambe-botas se dizem brasileiros "patriotas", vê se pode. 

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