A questão da industrialização do país deve estar firme no debate eleitoral deste ano. Parece-me que não é possível falar em desenvolvimento deixando de lado esse aspecto — um país precisa ser autossustentável na medida do possível, tendo autonomia para produzir conforme suas necessidades. Uma indústria forte traz benefícios de vários tipos, desde a criação de empregos ao melhor posicionamento do país na ordem internacional, haja vista o impacto positivo nas exportações. Falei disso a propósito de um vídeo da TV Senado que compartilhei aqui no blog, tendo por mote a retomada da economia no pós-pandemia.
Infelizmente a visão limitada da classe política hegemônica não alcança isso. No imaginário, o Brasil deve continuar sendo um eterno fazendão exportador de commodities. Petróleo, aço, soja e tudo desta terra em que plantando tudo dá, diria Vaz de Caminha, sendo mandado embora a preço de banana para ser manufaturado e trabalhado em países, ao contrário de nós, industrializados. Ou seja, nosso papel é apenas fornecer a matéria-prima. Não pode ser desse jeito. O país possui um grande potencial industrial e isso deve ser aproveitado, quebrando assim a sina que historicamente nos tem sido imposta.
Há que frisar contudo que falar em industrialização hoje, décadas após o Relatório Brundtland e quando a crise ambiental já está aí, implica também em falar que tipo de industrialização queremos. Crescer por crescer, e apenas isso, tem levado o planeta à exaustão. Como ecossocialista, penso que a ideia de desenvolvimento sustentável, se é que chegou a ser respeitada, já se encontra mesmo defasada; consequentemente há que se pensar menos em alternativas de desenvolvimento e sim em alternativas ao desenvolvimento. De modo que, ao fim e ao cabo, o necessário projeto desenvolvimentista, que implica no fortalecimento da indústria, seja diretamente subordinado à pauta ambiental, ao respeito aos povos originários, à busca por matrizes energéticas renováveis e assim por diante.
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