"O direito é criado pelo homem, é um produto tipicamente humano, um artifício sem entidade corporal, mas nem por isso menos real que as máquinas e os edifícios." - Gregorio Robles

17.7.22

Luzes contra a truculência

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A arena política nos últimos tempos tem sido pautada pela violência. Uso "arena" não por mera retórica — do assassinato do petista no Paraná à truculência de bolsonaristas contra ato de Marcelo Freixo no Rio de Janeiro, temos visto uma escalada inaudita de agressividade. Como se vê pelos exemplos, isso parte em regra da extrema-direita. Nesse sentido são coerentes com o fascio que intuitivamente defendem, onde a eliminação "do outro" é palavra de ordem, e não por acaso o discurso de Jair Bolsonaro gira sempre em torno da pauta da morte (dos outros, naturalmente; da pregação de fuzilamento de petistas ao deboche contra as vítimas da covid). Tais são os "cidadãos de bem" que dizem defender valores familiares.

O fascismo, do qual o bolsonarismo é uma variante, é avesso ao debate democrático. As Luzes, e falo portanto de mais de 200 anos atrás, nos trouxeram o primado da razão contra o obscurantismo medieval. Não que isso signifique a adesão a um racionalismo frio — me reporto ao texto Por que o Iluminismo não foi a era da razão, que traduzi em outro dos meus blogs —, mas sim a superação de padrões fossilizados, trevas da superstição e atraso. Ora, isso implica no amor ao debate. Não é algo novo, vide a ágora grega. Mas também os gregos tinham seus preconceitos (é preciso lembrá-los?), e as Luzes, ao contrário, dispõem que os homens "são livres e iguais em direitos", como dito na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789.

O debate entre iguais e livres, buscando soluções comuns. Essa é a essência da práxis democrática. É claro que isso não é suficiente, pois sabemos que não bastam igualdades e liberdades formais sem que se forneça condições materiais de exercê-las concretamente. Mas sentar à mesa com o próximo já é um bom ponto de partida. Tampouco se trata de adotar um ingênuo pacifismo, sobretudo na encarniçada luta de classes do capitalismo contemporâneo, mas de compreender que para a solução dos grandes temas da humanidade o diálogo em marcos civilizatórios é imprescindível. Nessa toada, mais do que nunca é fundamental derrotar o bolsonarismo no pleito eleitoral de outubro deste ano.

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