Leio algumas decisões de Nunes Marques e de André Mendonça que me agradaram, pelo teor protetivo dos direitos fundamentais. É exatamente isso que se espera do Poder Judiciário, mas os aludidos ministros são indicações do bolsonarismo e isso sempre nos deixa com um pé atrás. Ocorre que não há só preto e branco e tudo tem suas contradições. É da vida.
Outro nome que encarna essa contradição é Augusto Aras. Em agosto do ano passado eu disse aqui no blog que nem tudo eram espinhos em sua recondução à chefia da PGR. Se por um lado é bolsonarista renitente, por outro cortou as asinhas do lavajatismo, por exemplo. Nesse caso, Aras se portou exatamente como se espera do Procurador-geral da República. A subserviência ao bolsonarismo é uma mácula, decerto, mas são dessas contradições que estou falando.
Nada é só preto e branco; há tons de cinza, como diz o jargão já conhecido. Um ministro bolsonarista pode se revelar uma grata surpresa lá na frente. Decepções também são comuns — o PT não indicou seus maiores nêmeses, como Joaquim Barbosa? Decepção aqui não por terem votado contra o PT, mas sim porque passaram por cima dos princípios penais civilizados mais basilares. E até hoje não esqueço, amargamente, o voto de Eros Grau, torturado político, a favor da anistia geral para torturadores.
Com o tempo vamos digerindo melhor essas contradições da vida. Mais jovens somos tudo ou nada; se não for do nosso jeito, não presta. Vamos compreendendo que as coisas não são assim. Claro, nem todos aprendem e não penso que envelhecer seja necessariamente sinônimo de adquirir sabedoria, pois tem gente que com o tempo piora mas isso é outra história.
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