"O direito é criado pelo homem, é um produto tipicamente humano, um artifício sem entidade corporal, mas nem por isso menos real que as máquinas e os edifícios." - Gregorio Robles

19.10.22

Mentiras e pânico moral nas eleições

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Há temas que nunca saem de moda. Por exemplo, as fake news — estamos em plena campanha eleitoral presidencial de segundo turno e elas estão bombando. Por parte do candidato da extrema-direita, Jair Bolsonaro, naturalmente. É o lado que sistematicamente tem utilizado o expediente de falsear verdades, do que é exemplo a bizarra disseminação do boato da "mamadeira de piroca" contra Haddad do PT em 2018.

Mamadeira de piroca! Que tipo de gênio do mal consegue conceber uma sandice dessas? É um esquema altamente profissionalizado e que envolve muito dinheiro. Por minar a democracia e o saudável debate público isso deve ser investigado, daí a importância do inquérito tocado por Alexandre de Moraes. Falei disto no post Fake news, tretas e o pai da mentira, em junho de 2020. Reler esse texto traz sensações de melancolia por dois motivos. Primeiro verificar que o debate público continua rasteiro e pautado por mentiras. Lula disse no "Flow Podcast" que o problema de debater com Bolsonaro é que o candidato de extrema-direita só mente. Sim, e qualquer agência verificadora de fatos pode confirmar. Nesses termos não é possível uma discussão propositiva de qualidade. O outro motivo de melancolia ao ler esse texto é verificar que eu falo, ao final, em "setores evangélicos que ainda apoiam o bolsonarismo".

Meu Deus. Uma pandemia e tantas barbaridades faladas, e realizadas, depois, e o bolsonarismo segue mais do que nunca tendo apoio de setores evangélicos. Curioso. Não há malabarismo teológico que possa associar Jair Bolsonaro a princípios cristãos. Apenas uma doutrinação à base de pânico moral, com tintas escatológicas e apocalípticas, a partir dos púlpitos das igrejas explica isso. Há um desvio de finalidade evidente; não há mais religião, e sim um uso espúrio da fé das pessoas. Em todo caso, fui feliz na escolha das palavras — setores evangélicos, mas não todos. Como em tudo, não se pode generalizar, e a Carta aos Evangélicos lançada pela campanha petista neste 19 de outubro é muito alvissareira e positiva.

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