"O direito é criado pelo homem, é um produto tipicamente humano, um artifício sem entidade corporal, mas nem por isso menos real que as máquinas e os edifícios." - Gregorio Robles

23.11.20

De censura na rede

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Tenho visto muita gente reclamando de bloqueios, considerados injustos, no Facebook. Realmente causa estranheza porque observamos de tudo pelas redes e ficamos sem entender qual é exatamente o critério. Em alguns casos há um evidente rigor exagerado, como quando a punição se dá por uso de palavras ou certas imagens consideradas sensíveis  — como mamilos femininos, meu Deus, no séc. XXI os bots seguem perseguindo isso. Já em casos explícitos de, digamos, homofobia, racismo e outras amenidades, ao contrário, nem sempre cai a mão pesada do "censor" facebookiano. Eu já tive o desprazer de denunciar muito conteúdo execrável na rede, em vão. "Analisamos a foto que você denunciou e descobrimos que não viola nossos Padrões da Comunidade" e blá-blá-blá. 

Justiça seja dita, as redes têm tentado acompanhar de perto o fluxo de chorume que passa por elas. Às vezes com atraso  — foi preciso o zapgate de Bolsonaro para que a plataforma e a Justiça Eleitoral se mexessem. Fake news grassam há tempos no Facebook e hoje já há mecanismos de controle. Nunca com segurança absoluta, é verdade. E este ponto é crucial: as redes são poderosíssimos empreendimentos transacionais, muito bem remunerados (Mark Zuckerberg chegou aos 100 bilhões de dólares em 2020). Têm o dever, portanto, de tornar o ambiente virtual mais seguro e idôneo. Não é um favor ou benesse. Ao contrário, essa responsabilidade é inerente à atividade, faz parte dela.

Ah, a dialética da vida. Há o preto e há o branco, mas também os diversos tons de cinza. Tudo depende do ângulo. Digo isso porque esse maior controle sobre o conteúdo postado em redes sociais pode dar azo a certa censura política. Os alucinados de extrema-direita que se queixam do inquérito das fake news do STF recorrem a esse argumento, como se houvesse por trás disso o intuito de cercear a liberdade de expressão. Calma lá. Liberdade de expressão é uma coisa, mentir e caluniar outra bem diferente. Apenas feladaputas dolosamente misturam as coisas. É fato que o combate à mentira pode, tangencialmente, ser utilizada para censura política, mas são riscos necessários e uma sociedade madura deve saber enfrentar isso.

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