Pululam pelos quatro cantos os casos de ataques a autoridades públicas. Nem em Nova Iorque os ministros do Supremo, que lá participavam de encontro empresarial, escaparam da agressiva malta bolsonarista. Ontem assisti o ataque a Rodrigo Maia e à sua esposa, em um hotel na Bahia. "Cidadãos de bem" cercaram o ex-presidente da Câmara e passaram a ofendê-lo de todas as formas. Um espetáculo grotesco.
Não é uma platitude repetir que o país está doente. Há algo como miasmas pestilentos de ódio ao redor; a política deixou de ser o locus do convencimento pelo debate racional e se tornou uma arena literal. Nenhum país passa imune por quatro anos de bolsonarismo. Lembram-se do então candidato, ele próprio fã declarado de ditadura e torturadores, prometendo "fuzilar a petralhada"? E de fato petistas foram assassinados, em episódios de violência política como há muito tempo não se via no país.
Mas se o bolsonarismo levou a violência política ao paroxismo, ela não começou com ele. O ovo da serpente vinha sendo embalado carinhosamente pela grande imprensa e pelo grande capital desde pelo menos as infames Jornadas de Junho, em 2013. Era urgente minar o governo petista e para isso valia tudo; inclusive passar pano para os fascistas que agrediam os movimentos sociais nas ruas e colocavam fogo em Brasília. Dilma Roussef estava nas cordas, era isso que importava. Ao caldo somemos o lavajatismo, um movimento cujo mal causado à sociedade brasileira ainda deixará suas marcas por muito tempo. O impeachment de Dilma, a prisão de Lula, a "ponte para [o sinistro] futuro" de Temer e, enfim, a eleição de Bolsonaro e seus anos de trevas. E cá estamos. Mas a esperança renasce com a vitória de Lula no dia 30 de outubro, e o destaque internacional que o Brasil voltou a receber das potências estrangeiras é um sinal auspicioso.
Compreendamos as coisas. Desconhecer a história é repeti-la. No vídeo abaixo, o jornalista Cesar Calejon explica como chegamos ao "estado da arte". Assistam que vale a pena.
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