"O direito é criado pelo homem, é um produto tipicamente humano, um artifício sem entidade corporal, mas nem por isso menos real que as máquinas e os edifícios." - Gregorio Robles

24.11.22

Sobre memória e tempo

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É normal que nossas lembranças de infância fiquem embotadas com o passar dos anos. Às vezes a memória prega peças; nem sempre aquela imagem registrada corresponde à realidade fática. Escrevi sobre isso baseado em uma experiência pessoal, de forma romantizada, em um de meus antigos blogs. Tudo que coloquei lá é real. Digo, as minhas impressões sobre aquilo são reais. Se o fundo em si foi concreto, jamais poderei responder com certeza. Reporto o leitor ao texto para entender do que falo.

Digressões sobre memória e tempo porque ler sobre a história do país no século XIX — por exemplo, os trabalhos do Visconde de Ouro Preto e de Tobias do Rego Monteiro, acessíveis gratuitamente para download na Livraria do Senado Federal — tem me despertado reminiscências de excursões escolares. Lembro-me em especial do seguinte: estou em um amplo espaço calçado de pedras a céu aberto. Há um monumento a um vulto antigo, um homem retratado em mármore e deitado como em sono profundo. As crianças, eu inclusive, ouviam a prédica com atenção. Toquei na rocha fria; era um sentimento de assombro e medo. Conde D'Eu, o nome rasga as barreiras do tempo e chega até mim. Foi em Petrópolis e acho que estava nublado. 

Não faço ideia se foi assim mesmo. Voltando a Petrópolis, visitarei novamente o Conde e tirarei a prova. É lamentável, e aqui falo no geral, que os brasileiros conheçamos tão pouco nossa própria história. Dizer que somos um povo sem memória já é um chavão. Os tempos atuais não têm ajudado: o que foi o bolsonarismo na condução do país? Jair Messias Bolsonaro esteve na presidência da República durante nada menos que o bicentenário da Independência. E o que a abjeta figura fez para marcar a efeméride? Nada. No 7 de Setembro puxou para si o coro de "imbrochável", como sabemos. E foi aplaudido. Pelos "patriotas" que nada conhecem do país, de suas tradições e história. E do pouco que conhecem têm ódio, como se vê no trato bolsonarista com as questões negra e indígena, para ficarmos nesses exemplos.

Gosto da frase de Gramsci sobre a necessidade de realizarmos "o inventário do que somos". Autoconhecimento é fundamental para quem visa o futuro. Assim, erros são evitados; de posse da ferramenta da experiência, podemos dar passos menos hesitantes.   

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