As coisas não vão bem para Fux em seu primeiro ano como presidente do Supremo, temos lido por aí. Insatisfação dos pares, acusações de autoritarismo e assim por diante. A exoneração do médico servidor que pediu por ofício aos laboratórios prioridade para a corte e seu integrantes na vacinação contra covid também pegou muito mal — claro, o pedido de prioridade é odioso, mas o sujeito só pôde ter feito assim com o aval ou, melhor ainda, ordem direta, de seus superiores. E o superior é Fux, vejam só, a autoridade máxima da corte. Pulou fora da responsabilidade e puniu o subordinado. Não é coisa de uma justiça tão suprema, digamos.
No post Fux presidente do STF. E estertores de um estranho ano. eu comentei o discurso de posse do ministro. Muitos pontos interessantes, ao menos no papel — afinal todo discurso de posse é permeado de belas promessas e tiradas poéticas, que geralmente se chocam retumbantemente contra os rochedos da vida real. Coisas temerárias, por outro lado, como o lavajatismo renitente, e isso mesmo após tantas críticas da comunidade jurídica internacional e mesmo após as revelações do "The Intercept Brasil". Causa estranheza também, para não falar medo, os tais "juízos 100% digitais". Parece-me que os jurisdicionados brasileiros, advogados inclusive, não têm condições hoje de acompanhar um formato integralmente eletrônico. Tenho falado no blog sobre isso.
Bem, ser presidente — do clube de futebol de botão do bairro até as cortes superiores, passando pelas grandes empresas — exige determinadas características. Nem todos têm vocação e aptidão para isso, e eis Jair que não me deixa mentir. No caso do Supremo seria algo, em verdade, muito mais fácil: apenas um coordenador de trabalhos, como disse Gilmar, afinal todos são iguais e o presidente não tem primazia enquanto membro sobre os demais. Mas ao que parece nem nesse suave mister Fux tem se saído bem. É verdade que a natureza da corte não ajuda, afinal são onze vaidades se emulando entre si. Difícil coordenar isso, aquiesço.
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