"O direito é criado pelo homem, é um produto tipicamente humano, um artifício sem entidade corporal, mas nem por isso menos real que as máquinas e os edifícios." - Gregorio Robles

22.7.24

Direitos fundamentais e o papel do eleitor

democracia eleições eleitoral direitos voto cidadania

É claro que falar em "escolhas ruins" comporta uma série de complexidades. Por exemplo: ruim com base em quê? A escolha só é "boa" quando o nosso candidato é eleito? As nossas escolhas seriam superiores às dos demais? Fica evidente que não podemos ir por aí. Para mim, a pedra de toque deve ser o maior ou menor grau de vinculação à defesa dos direitos fundamentais.

Creio que esse ponto seja o balizador da qualidade das escolhas eleitorais. Direitos fundamentais, ou humanos, não comportam tergiversação. A escolha é boa quando o candidato eleito está comprometido com tais direitos, e má caso não esteja. Há dois polos, dois campos, bem delineados e que nos ajudam no processo de escolha.

Mas também aqui as complexidades citadas aparecem. Nem sempre na vida — ou quase nunca, na verdade — é possível traçar linhas bem definidas. Há o branco e o preto mas também os tons de cinza entre eles. Ao contrário de uma lógica binária (A ou B), é preciso, dialeticamente, considerar que a A pode ser B e que, além disso, também há o C, o D e assim por diante... O método dialético, como professado pelos marxistas, ajudará a lidar com as contradições da vida. Nada é estanque; as coisas possuem mais nuances e matizes do que parece e precisamos estar atentos a isso.

De modo que, voltando ao tema das escolhas eleitorais, nem sempre a pauta "formal" do candidato corresponderá aos seus reais compromissos. Talvez a sua propalada defesa dos direitos fundamentais — de qualquer âmbito: minorias, meio ambiente, distribuição de renda etc. — seja mero jogo retórico para obtenção de apoio, rapidamente esquecido tão logo haja a diplomação. E, talvez, determinado candidato não expresse uma única linha nesse sentido mas, na prática política, mostre compromisso real. Mais que palavras precisamos é de ação, afinal. 

Há aqui um ponto importante: a necessidade da cobrança por parte do eleitorado. Democracia não consiste apenas em depositar o voto em uma urna eletrônica a cada quatro anos. Na verdade é um exercício cotidiano. O eleitor tem o múnus de exigir de seu candidato o cumprimento das promessas feitas, rejeitando os estelionatos eleitorais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário