"O direito é criado pelo homem, é um produto tipicamente humano, um artifício sem entidade corporal, mas nem por isso menos real que as máquinas e os edifícios." - Gregorio Robles

12.7.21

Chover no molhado, ou da ineficiência do governo

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O TCU verifica falhas no planejamento estratégico do governo para o enfrentamento da pandemia de covid-19, como pode ser visto neste link. O tal Centro de Governo (CG) criado para o enfrentamento da pandemia tem atuação capenga, de modo que para a corte de contas o governo federal "não vem exercendo a contento suas atribuições de planejador central" no enfrentamento à pandemia.

Cá entre nós, seria surpresa é se a conclusão fosse atestatória da eficiência do governo. Mas o bolsonarismo é ruim em rigorosamente tudo. É implicância? Os números estão aí. Ainda que a máquina federal seja preenchida por servidores de carreira, capacitados, um comando esdrúxulo a partir do alto coloca tudo a perder.

Pensemos nas relações exteriores, por exemplo. A qualidade do corpo diplomático é indiscutível. O Itamaraty possui autoridade inconteste. Contudo, como manter a respeitabilidade diante dos olhos do mundo sendo obrigado a cumprir uma pauta retrógrada? Jamil Chade em suas colunas no Uol conta como rotineiramente o bolsonarismo tem feito do Brasil alvo de escárnio nos fóruns internacionais. O melhor quadro de pessoal não pode fazer nada, ou muito pouco, quando as diretrizes emanadas de cima são horrorosas.

Outro exemplo trágico é a educação. Uma sucessão de figuras passaram pela pasta, uma mais grotesca que a outra —  Ricardo Vélez Rodríguez, Abraham Weintraub e Milton Ribeiro, que ninguém nem sabe quem é. Como a educação brasileira tem sofrido nas mãos desses senhores! Temos falado disso no blog, como neste post de maio do ano passado. De novo: por melhor que seja o quadro de servidores do Ministério da Educação, fica-se de mãos atadas quando a chefia é um terror.

Evidentemente não desconsidero que há setores do funcionalismo alinhados à pauta bolsonarista. É contraditório e suicida, mas a vida é repleta de idiossincracias — e idiotices — de toda sorte. 

Quanto ao combate à pandemia, foco do estudo realizado pelo TCU. Por que aqui o bolsonarismo se sairia melhor? Se até o momento seguem negacionistas e, como a CPI no Senado tem mostrado, deliberadamente boicotaram não apenas medidas preventivas como a própria vacinação? Mais de meio milhão de mortos. É um número assombroso. E vai pra conta do bolsonarismo. Não que não haveria mortes sob outro governo, mas indubitavelmente era possível suavizar e reduzir a mortalidade do vírus. Mas Jair Bolsonaro subestimou abertamente a "gripezinha". E o resultado está aí.

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