"O direito é criado pelo homem, é um produto tipicamente humano, um artifício sem entidade corporal, mas nem por isso menos real que as máquinas e os edifícios." - Gregorio Robles

24.3.20

Ainda excesso de informação


De novo à carga, acerca de excesso de informação. Falei há pouco em um post baseado em um trecho de Confúcio. Trata-se de algo que reputo angustiante: o fluxo incessante de informações que nos bombardeia diariamente. O exemplo do feed reader do meu navegador é emblemático: aquiesço que sigo umas dezenas de páginas (o que é inevitável diante da minha variedade de interesses), mas o conteúdo publicado no total é coisa pra lá de milhares de itens diariamente

É possível dar conta disso?

Ou vivemos ou lemos o feed. Os dois, não dá.

É como o ars longa, vita brevis de Hipócrates: a vida curta para a grandiosidade da tarefa, no caso a medicina. Também aqui é preciso viver trocentos anos para dar conta de tanto conteúdo, textos, artigos, notícias etc. produzidos freneticamente.

Ressalto que não sou "contra" isso. É bom que tanta informação esteja se produzindo incessantemente. Nossa geração é incomensuravelmente privilegiada em relação aos antigos, quando as notícias chegavam em ritmo de carroça. Não é preciso um editor para escrever o que der na telha, basta abrir um blog (ei, é o que eu faço). Mas há sempre a outra face da moeda: informação em excesso não implica necessariamente na qualidade da informação (mormente em tempos de fake news decidindo eleições presidenciais) e há que concordar com Umberto Eco sobre como a internet deu voz a legião de imbecis.

Eis a pós-modernidade. Para o alto e avante. O post é ilustrado por "Man reading" do belga Georges Lemmen (1865-1916).

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