Nós somos contra a redução da maioridade penal. Parece evidente que a mentalidade punitivista, que o recrudescimento do Estado Policial, não resolvem. O Direito Penal é a ultima ratio, o último argumento; entra em cena apenas quando todas as outras soluções se mostram inviáveis. No Brasil, há um movimento tendente a inverter isso, o que é lamentável.
É preciso também apontar o seguinte. O Direito Penal historicamente é ferramenta de dominação e "higienização" social. Uma forma de manter os estratos populares sob controle; ora, a redução da maioridade penal será a carta branca, institucional, para o massacre -figurado e real- da juventude negra e proletária. A juventude burguesa, por sua vez, continuará tendo à sua disposição bons advogados e as benesses do sistema. Não é mistério, afinal, que o arcabouço jurídico-penal incide de forma seletiva e socialmente elitista.
Podemos recorrer, no ponto, a Orlando Soares em seu "Causas da criminalidade e fatores criminógenos" (1978):
Aqueles que recomendam e empregam maior repressão e agravamento das penas como meio de combate ao aumento da criminalidade -em oposição, aliás, à legenda de Ferri: "Menos justiça penal, mais justiça social"- fazem-no por desconhecimento de causa ou por interesse e preconceito obscurantista, próprios dos privilegiados e beneficiários do sistema de exploração do homem pelo homem, que se baseia na violência, pois, como afirmou Afrânio Peixoto: "A injustiça é a mãe da violência".
Sintetiza nosso pensamento.