"O direito é criado pelo homem, é um produto tipicamente humano, um artifício sem entidade corporal, mas nem por isso menos real que as máquinas e os edifícios." - Gregorio Robles

15.7.14

Para entender John Rawls


A clássica obra de John Rawls, "Uma teoria da justiça", não é uma leitura fácil. Sinceramente, é uma das mais maçantes que eu conheço, e vejam que minha edição, da UnB (1981), vem enriquecida pela erudita introdução de Vamireh Chacon, que também traduz a obra, citando de Trotsky a Radbruch. Mas o estilo de Rawls é chato. Idas e vindas, rodeios, permeando um assunto que é, ele mesmo, etéreo. Contudo, é uma obra-referência para qualquer jurista (juristas, e não juridiqueiros), e há que lê-la.

Há paliativos para aqueles que precisam conhecer Rawls mas não podem, ou não querem, ler a obra em si por ora. Gostaria de sugerir dois. O primeiro é "As teorias da justiça depois de Rawls" (Martins Fontes), do argentino Roberto Gargarella. De leitura mais agradável (tradução de Alonso Reis Freire), explica a teoria de Rawls, aponta os maiores ataques -pela direita e pela esquerda- que tem recebido, bem como faz o cotejo com as diversas correntes de pensamento que dialogam, inclusive e principalmente, de forma crítica, com Rawls. É uma obra que possui densidade científica, sendo bibliografia em cursos de pós-graduação. A segunda sugestão é "Justiça" (Civilização Brasileira) de Michael Sandel, jusfilósofo estadunidense. Essa obra é quase um bestseller, encontrada até nas vitrines das grandes livrarias. Dá conta do recado em seu capítulo dedicado a Rawls, sendo facilmente digerível por qualquer leigo.

Reparem que eu falei em paliativos, acima. É porque a leitura da obra, em minha opinião, é indispensável. Resumos e versões "mastigadas" quebram um galho, mas jamais substituem o estudo aprofundado. Ao contrário do juridiqueiro, que fica na superfície, o jurista precisa descer fundo.