Vale a pena assistir o vídeo que compartilho abaixo. A ministra Cármen Lúcia toca em pontos relevantes da sociedade brasileira contemporânea, como o machismo. Dentro do próprio Judiciário, aliás; o Poder não está imune às vicissitudes estruturais e reproduz padrões. Assim, diz a ministra, ainda que a participação feminina nas profissões jurídicas venha aumentando, elas ainda têm um longo caminho para que seu espaço seja respeitado. As mulheres são mais apartadas durante as sessões colegiadas do que seus pares masculinos, por exemplo. Isso estatisticamente falando. Como se a prática de interrupção da mulher — há até um termo, manterrupting — fosse algo tão introjetado que já sai no automático. No caso das mulheres negras isso é pior ainda, lembra a ministra, e eis-nos diante de duas das antigas chagas do país, o machismo e o racismo.
A entrevista perpassa outros assuntos e a ministra os enfrenta com elegância. Não considero Cármen o melhor quadro da atual composição do Supremo (penso que Moraes e Barroso são melhores juristas), mas tem a segurança e preparo que o mister exige. A propósito de Barroso, deixou há pouco a presidência do TSE. Gostei do que ouvi do discurso (pinçado na mídia, ainda não me detive no inteiro teor), principalmente na defesa do institucionalismo — contra a ofensiva bolsonarista — e da higidez do processo eleitoral brasileiro.
Evidentemente nosso institucionalismo, defeituoso, é marcado por interesses de classe. Não podemos ser ingênuos e depositar confiança acrítica em um aparato que historicamente é justificador de um iníquo status quo. Contudo é o que de melhor temos por ora. A efetivação da democracia, dos direitos fundamentais e da justiça social demandam avanço e não retrocesso, o que será o caso se o bolsonarismo seguir solapando as instituições.
Tornaremos a esses temas. Vai abaixo a entrevista com a ministra.
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