"O direito é criado pelo homem, é um produto tipicamente humano, um artifício sem entidade corporal, mas nem por isso menos real que as máquinas e os edifícios." - Gregorio Robles

6.9.17

Proibir dá lucro (um comentário de Foucault)


Os tráficos de armas, os de álcool nos países de lei seca, ou mais recentemente os de droga, mostrariam (...) esse funcionamento da "delinquência útil"; a existência de uma proibição legal cria em torno dela um campo de práticas ilegais, sobre o qual se chega a exercer controle e a tirar um lucro ilícito por meio de elementos ilegais, mas tornados manejáveis por sua organização em delinquência. Esta é um instrumento para gerir e explorar as ilegalidades.

In FOUCAULT, Michel. "Vigiar e punir: nascimento da prisão". trad. Raquel Ramalhete. Petrópolis: Vozes, 1987.

Não precisamos chegar ao extremo do "É proibido proibir" de Maio de 68, sendo certo que nenhuma sociedade subsiste sem regramento. Mas é forçoso repisar as perguntas de sempre: o que proibir? Por quê? Vale o custo social? Quem tira proveito com a proibição? Não enfrentar isso é ir empurrando os tabus com a barriga.

Nenhum comentário:

Postar um comentário